domingo, 22 de agosto de 2010

Resumo do módulo II - Curso de Formação

                                                                      
O primeiro módulo deu destaque às políticas educacionais nacionais e paulista que concernem aos professores: ingresso, carreira e educação continuada. O segundo módulo pretende algumas características próprias da profissão professor e o papel que ela ocupa no cenário atual. Afirma que a atenção para a formação docente é dada pelos resultados das pesquisas em educação. Tais pesquisas constituem uma série histórica que aponta o papel do professor, mesmo dentre contextos sociais heterogêneos. A família e as condições socioeconômicas possuem vasto impacto, mas o papel do professor é predominate. Não se pode mudar a origem socioeconômica do aluno, mas se pode auxiliar com uma boa educação. A qualidade da profissão depende da relação que o professor estabelece com seus alunos e com as inovações do mundo atual. Há professores que conseguem fazer o aluno avançar independente de critérios de raça, economia e contexto social e há outros que não. Um aluno com professor fraco rende 50% menos que um mesmo aluno com um bom professor (estatístico W.Sanders). Professores dentre os 5% melhores fazem alunos avançarem 1 ano e meio, enquanto professores que se contam entre os 5% piores fazem alunos avançarem apenas meio ano em 12 meses. O professor com o qual o aluno teve aula é determinante para o desempenho. Há um cada vez maior foco e preocupação com relação a atuação docente e qualidade desta atuação. Por isto é importante conhecer e refletir sobre a profissão e o atual contexto em que ela se encontra. Deve-se
- iniciar um processo de reflexão sobre o que é ser professor
- lembrar e questionar nossa experiência como aluno da educação básica
-familiar-se com portifólio e contrato didático, recursos para o curso e para o trabalho com o aluno
-compreender as singularidades que marcam a profissão de professor
-sensibilizar-se para o fato de que a profissão possui suas tensões e seus problemas
De 190 milhões de habitantes, 60 milhões estão na escola. É um para cada 3, um grande contingente com sonhos e esperanças.
Curso aponta Cora Coralina (nasceu no atual município de Goiás, cursou apenas as 4 primeiras séries (com a mestre Silvina) e publicou seu primeiro livro somente aos 76 anos de idade) como mulher que pensou sobre a profissão professor. “Ser Professor é tocar o futuro”.
Módulo pede atividade sobre portifólio questionando o que é portifólio, seus usos e sua história. Há marco sobre o fato de que o homem é um se de registro e de que o registro acompanha toda a nossa vida. No portifólio usamos o registro como modo de acumular saber/experiências e desevolvermos uma melhor caminhar. Devemos guardar aquilo que é mais importante, que é mais central, mais tocante.
Se o médico não precisa ser doente para se formar, enm o advogado réu para se formar, o professor inelutavelmente passa pela figura do aluno antes de se tornar mestre. Essa experiência como aluno determina em muito a sua prática, uma vez que acaba se inspirando nos professores que teve para formatar a sua própria identidade. Estabelecer uma boa relação com os alunos favorece o lado de quem aprende e de quem ensina. Atividade dois pede para que façamos uma comparação com o que tivemos de professor, o que somos e o que idealizamos da profissão. “não é fácil calçar os sapatos alheios”. O fato de ter sido professor ajuda a desenvolver no professor a empatia, o sentido de compreensão e comunhão com o outro.
As características do docente se dividem em 4 grandes marcos: Domínios dos conteúdos e dos objetos de aprendizagem: sem domínio de conteúdo, professor não consegue fazer ligação com o passado, com o presente e com a realidade e nem estimular reflexão, inovar. Tornar o assunto vivo, divertido, instigante. Apresentá-lo de formar a ampliar a visão do discente. Capacidade de estimular ou envolver os alunos na aprendizagem: incutir gosto pelo saber, ter sensibilidade para talentos dos alunos, mostrar empenho para que o aluno aprenda, tornar o conteúdo mais atrativo. Capacidade de conduzir o processo de aprendizagem: capacidade de explicar bem, ser comunicativo, fazer aulas diferentes, não deixar dúvidas, fazer-se entendido, entender as dificuldades do aluno e procurar ajudá-lo, desenvolver projetos, levantar questões e temas novos, adotar formas de trabalho diferenciadas. Atitudes e comportamentos pessoais e relacionais: entusiasmo pela matéria, paixão pelo que faz, real interesse pelo aluno e interesse em ajudá-lo, sinceridade e transparência, severidade e exigência, habilidade em lidar com os comportamentos disruptivos.
Contrato Didático: a educação é sum serviço de massa e voltada para a reprodução da vida social. A educação possui marcos regulatórios e a profissão também. Contrato didático inclui o conjunto de normas e regras que permeiam a relação dos alunos e dos professos, as regras das escolas e etc. Podemos definir contrato didático como a regulamentação, implícita ou explícita, das atividades que se manifestam no contexto escolar de forma intencional. São atividades de cunho pedagógico e planejadas para organizar as aulas com o objetivo de favorecer as aprendizagens.

A tripla relação conhecimento-professor-aluno é pautada por deveres, direitos e expectativas. Essa relação, por mais cuidado que se tome do ponto de vista da comunicação e das intenções didático-pedagógicas, corre sérios riscos de se traduzir em mal-entendido, que torna mais complexo o processo de ensino e de aprendizagem.

Quando utilizado, o contrato didático torna-se um instrumento bastante eficiente para que essa relação ajude o aluno a ter um desempenho escolar bem-sucedido. O contrato didático, por assim dizer, “profissionaliza” essa relação, sistematizando-a, deixando claras as regras do “jogo escolar”.

O contrato didático é hoje um tema presente em muitas publicações pedagógicas e nas normas e parâmetros nacionais oficiais. Em todas elas, o conceito de contrato didático é basicamente o mesmo: regras próprias da escola – ou de um professor e turma específicos que regulam, entre outras coisas, as relações que alunos e professores mantêm com o conhecimento curricular e com as atividades escolares, estabelecendo papéis dos diferentes atores do processo educativo e suas relações no contexto escolar. (MEC, 1999).

O contrato é o que garante o papel de cada um na sala de aula e quando não cumprido por alguma parte pode ser rediscutido ou reelaborado. Mas, se ele estiver posto desde o primeiro dia de aula, é mais fácil para todos dsempenharem melhor o seu papel. As regras sempre existiram, mas não eram formalizadas. Ao ocorrer o combinado, a explicitação das regras, consegue atingir um patamar maior de consenso e aceitação. Os envolvidos reconhecem formalmente as suas responsabilidades, embora abranja outras questões, o foco é o de garantir o aprendizado. Deve haver flexibilização, para que as regras não percam sua funcionalidade e passem a ser cumpridas por sí mesmas. Contrato didático não é apenas um cartaz de regras expostas na parede e sim um acordo efetuado entre alunos e professores para garantir o aprendizado. O contrato didático não se limita as regras disciplinares, envolvem a discussão sobre o aprendizado, onde se reconhece que cabe ao professor organizar conteúdos transformando-os em objetos de aprendizagem e cabe aos alunos conseguir alcançar os objetivos pactuados no contrato. O contrato tem que ser negociado, se houve mundanças deve ser novamente negociado e não pode ser ambíguo e pouco tranparente. O aluno está na escola para aprender e este objetivo é inegociável. Muitas vezes demandas disciplinares, assistenciais, lúdicas, emocionais e outras tantas fazem com que se perda o foco na aprendizagem. È necessário que o professor tenha prioridades e objetivos razoáveis que lhe permitam um norte seguro. Quando tudo é previsto e tudo é prioritário, se perde o foco. A família precisa ser trabalhada, informada das aprendizagens e das atividades a serem desenvolvidas.
Um pouco de história da educação: apresentam que a preocupação em se regular a educação vem desde a antiguidade e citam um trecho de Aristóteles em que ele fala sobre a desorientação sobre a finalidade, formas e conteúdos do ensino.
[...] Fica claro portanto que a legislação deve regular a educação e que esta deve ser obra da cidade. Não se deve deixar no esquecimento qual deve ser a educação e como se há de educar. Nos tempos modernos as opiniões sobre este tema diferem. Não há acordo sobre o que os jovens devem aprender, nem no que se refere à virtude nem quanto ao necessário para uma vida melhor. Tampouco está claro se a educação deveria preocupar-se mais com a formação do intelecto ou do caráter. Do ponto de vista do sistema educativo atual a investigação é confusa, e não há certeza alguma sobre se devem ser praticadas as disciplinas úteis para a vida ou as que tendem à virtude, ou as que se sobressaem do ordinário (pois todas elas têm seus partidários). No que diz respeito aos meios que conduzem à virtude não há acordo nenhum (de fato não honram, todos, a mesma virtude, de modo que diferem logicamente também sobre seu exercício). Arístóteles – Política.

Na Grécia antiga não havia escola como local fixo, as aulas se davam ao ar livre e a escola fundada por Aristóteles, o Liceu, era chamada de peripatética, que significa, caminhante. No Brasil se usava preceptores, professores livres e os índio frequentaram os colégios jesúitas. Pombal expulsou os jesuítas e famílias ricas traziam gente da Europa para lecionar. Ina Von Binzer foi uma preceptora alemã que veio ao Brasil na década de 1880 trabalhar e escreveu cartas a sua amiga. Ensinava alemão, tinha 22 anos e lecionava para meninas de 19 e tinha que as chamar deDona, alunas chegavam atrasadas, depois de repreendidas, alunas ficavam quietas e a preceptora achava tudo paralisante.
Com o tempo, educação deixou a família e depois a igreja e se institucionalizou em escolas. Escola pública é invenção da modernidade, dos Estados nacionais, em que a educação é separada do privado, tirada da igreja e da família e passa a aglutinar os anseios da nova ordem política: laica, básica, pública e gratuita. A universidade surge na idade média, como expressão intelectual de um mundo extremamente hierarquizado. A escola básica e o professorado da educação básica surgem num período em que o ensino se expande para o povo. No brasil as instituiçoes escolares demoraram mais ainda para se desenvolverem. Permaneceram como elemento exclusivo de muito poucos e só depois da vinda de D.João VI que alguma coisa começa a mudar, dado o esforço de desenvolvimento local. Ele cria as primeiras instituições de ensino superior e secundário superior. Os governos regionais e locais é que se encarregam da educação, o princípio da descentralização é forte desde o início. A LDB é uma lei complementar que é um marco por determinar a questão da educação no país. Previa que a educação escolar devia vincular-se à pratica social e ao trabalho e definia como educação um processo formativo que ocorre na família, na escola, na convivência, no trabalho, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade e nas manifestações culturais. A educação escolar é aquela que ocorre em instituições próprias. Ser professor é ensinar na escola. Para Arendt, não se pode educar sem ao mesmo tempo ensinar. Uma educação sem aprendizagem degenera, é vazia e se transforma em méra retórica moral e emocional.
Ao se institucionalizar, a docência deixa de ser atividade privada e se torna elemento complexo de uma rede complexa, que envolve relação entre gêneros, etárias, entre gerações diferentes. Surge uma estrutura que se hierarquiza, que se burocratiza, que se organiza, que massifica. As relações sociais internas passam a pesar no andamento da profissão docente tão fortemente quanto os grandes marcos regulatórios externos. A escola no Brasil só se universaliza no final do século XX, sempre marcada pela desigualdade e pela hierarquização interna, demorou um longo processo histórico para que a educação se escolarizasse e o mesmo se deu no Brasil. A preocupação com a expansão, com a permanência e com a qualidade, surge mais fortemente na década de 1930, com o manifesto dos pioneiros, com Anísio Teixeira como destaque, autor do Educação Não é Privilégio, onde coloca a importãncia da educação para o desenvolvimento do país e para a democracia. Para ele, a escola pública é a máquina que prepara para a democracia e ela só existirá quando existir tal.
LDB diz que docente deve se incumbir de proposta pedagógica, plano de trabalho, zelo pela aprendizagem, estratégias de recuperação, ministrar os dias letivos, participar de discussões sobre planejamento e avaliação e formação, ajudar na articulação da escola com a família e a comunidade.
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
III. zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV. estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade
A liberdade de ensinar é sobrepujada pelo direito de aprender. As exigências com relação ao trabalho docente vão mudando no decorrer do tempo. Embora permanência de marcos culturais conservadores, quadros da economia, da tecnologia, da expectativas sociais e outros mais vão impondo mudanças sociais com as quais a educação tem que lidar, causando mudanças educacionais mais ou menos profundas. O ensino, a aprendizagem e a gestão da sala de aula estão sendo afetados por mudanças causados pela nova sociedade da informação, que requer mudanças estruturais e curriculares a respeito do ensino. A LDB centrou foco nas competências, assim, os conteúdos curriculares não possuem valor em sí mesmos, mas são mais voltados para o desenvolvimento das competências. LDB demorou de 1988 até 1996 para se aprovada, ficou 8 anos em discussão e sofreu influência do debate que ocorreu nos E.U.A e Europa. LDB e Diretrizes Curriculares Nacionais é que estabelecem as competências.
LDB: aluno no final do médio deve compreender o significado do das ciências, das artes e das letras. Compreender o significado de uma ciência é diferente de tratá-la como disciplina, somente. A definição de currículo retoma a autonomia da escola em trabalhar as aprendizagem que são previstas pela lei, também, autonomia em fazer a ponte entre o currículo e a realidade, se aproveitar da diversidade de recursos e tratamentos possíveis, e também autonomia na gestão da aprendizagem para diagnosticar e recuperar problemas. Competências, currículo, autonomia.
Educação atual sofre com a falta de qualidade devido a expansão do ensino que colocou milhões de crinanças que são as primeiras da família a ultrapassar os primeiros 4 anos de escolaridade. Existem quase 1.900.000 professores de educaçao básica no Brasil, dos quais 80% são mulheres e estão entre 24 e 48 anos. A crise da educação derrubou a imagem do professorado. No início do século XX, ser professor correspondia a ser magistrado.