sexta-feira, 8 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Temas que foram destaque e podem cair na redação do ENEM - 2014
Essa lista foi
elaborada com base na leitura diária de jornais – Folha de São Paulo e O Estado
de São Paulo, sites de conteúdo como o das revistas EXAME, VEJA, Época, Isto É,
portal UOL, G1, R7, e outros sites independentes como Ópera Mundi, Óbvious,
Rede Brasil...
Obs: haveria outros
temas a citar, como a questão da inflação, as eleições em sentido amplo, as
olímpiadas de 2016, mas devemos recordar que nunca ocorreu de o governo colocar
temas que sejam de crítica ao partido no poder. Assim, um tema importante como
o Plano Real penso que não cai porque seria apologia aos partidos de oposição
ao governo. Da mesma forma, nunca iria cair mensalão.
Os
limites do humor e a liberdade de expressão (lembrar polêmicas com o Pânico e
caso Rafinha Bastos) - BRICS, Brasil Potência (agronegócio, mercado interno sólido, exportações,
transnacionais brasileiras) – crescimento
econômico da África - Guerra civil
na Síria – Tráfico (Brasil é rota e 2º consumidor mundial de cocaína, 1º
consumidor mundial de crack) – Marco civil da internet – Avanço da educação
online - Comissão da Verdade e tortura no regime militar – Boatos na internet –
50 anos do golpe militar de 1964 – Racismo e ética no futebol - Unificação das
polícias – Avanço do Brasil no IDH – Criação de um currículo unificado
(educação) - Cotas nas universidades federais – Caos da mobilidade urbana – Crise
da água e sustentabilidade – Desafios
da saúde pública - Eleições presidenciais– Embate PT X PSDB - Crise
educacional – Violência dos trotes universitários – Alunos brasileiros no
exterior (Ciência sem fronteiras) - Perda de força do parlamento (partidos
fracos e submissos) – Rolezinhos – Ascensão dos evangélicos - Ascensão
feminina (caso Femen e marcha das vadias) – Violência Policial – Classe C – Bicicleta, transporte público e
crise da sociedade do automóvel – Liberdades sexuais, casamento gay – Ecologia –
Copa 2014 – Individualismo –
Descriminalização das drogas – Crise na
Ucrânia– Conflito Israel x Palestina - Inovações tecnológicas e
impactos éticos e sociais – Biografias não autorizadas e liberdade de expressão
– Alimentos transgênicos - Conflito
entre Supremo Tribunal Federal e o Congresso -Atuação do Estado para mudar
hábitos da população (lei Anti-fumo, proibição de álcool para menores) – Redes
sociais – Variedade linguística no Brasil – Grandes eventos e inserção do Brasil no mercado global dos lazeres -
Supervalorização da beleza física – Descriminalização do aborto – Direito do
consumidor (caso Tim, planos de saúde) – PAC, hidrelétricas e conflitos com
indígenas e ambientalistas – Mercosul – Protecionismo
e crise na Argentina – Movimentos
sociais – Movimento Sem-Teto,
Movimento Passe Livre – Reurbanização de centros históricos – Respeito aos
idosos e deficientes – Analfabetismo funcional – Roubo de cargas - A questão do lixo no Brasil – Efeitos da Lei Maria da Penha- Liberdades
individuais na Rússia (proibição de parada gay, espancamento de jornalistas,
caso banda Pussy Riot) – Linchamentos –
Plano Nacional da Educação
- Alguns temas são
permanentes e podem cair: corrupção, violência, desigualdade social, violência
contra mulheres, violência contra crianças – problemas na saúde...transporte,
má infraestrutura, bullyng
domingo, 3 de agosto de 2014
Todos os temas das redações do ENEM - 1998 a 2013
1998: viver e aprender
1999: protagonismo juvenil
2000: direitos da criança e do adolescente: como enfrentar
esse desafio nacional
2001: desenvolvimento e preservação ambiental, como
conciliar esse conflito?
2002: o direito de votar: como fazer dessa conquista um meio
para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?
2003: a violência na sociedade brasileira: como mudar as
regras desse jogo?
2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar
abusos nos meios de comunicação?
2005: o trabalho infantil na realidade brasileira
2006: o poder de transformação da leitura
2007: o desafio de se conviver com a diferença
2008: escolher entre 3 ações de combate ao desmatamento da
Amazônia e refletir sobre as possibilidades e limites da ação escolhida
2009: corrupção
2010: trabalho na construção da dignidade humana (texto
trabalho escravo e trabalho em escritório)
2011: viver em rede: os limites entre o público e o privado
2012: movimento migratório para o Brasil no século XXI
2013: Lei seca (contra o consumo de álcool e direção).
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Esquemão para produção de aulas de sociologia focadas no ENEM
Título: O que é tecnocracia
Resumo: tecnocracia é um conceito
que define o exercício do poder por um grupo que possui conhecimentos
especializados. Assim, pode-se falar em tecnocratas da educação, tecnocratas da
segurança, tecnocratas da saúde e etc.
Habilidade do ENEM trabalhada:
compreender mudanças técnicas e tecnológicas e sua relação com produção, conhecimentos
e vida social
Professor: enfatizar o quadro
amplo do poder e explicar o que é tecnocracia. Texto para o professor: setores não eleitos diretamente possuem amplo impacto sobre a
sociedade e os cidadãos. Definir tecnocracia. Exemplificar questão da água em São Paulo.
Aluno: leitura de texto de jornal
sobre o tema.
Atividade: perguntas e escrita:
qual o tema geral da reportagem? Você tinha se preocupado tanto com a água
antes? Quais são as autoridades sobre os recursos hídricos? Gerir a água é uma
forma de poder? Explique!
Resultado: absorção de conceito,
problematização de tema atual, leitura, escrita, aquisição de vocabulário
Palavras e conceitos: conceito de tecnocracia + palavras
desconhecidas.
Referências complementares: filme sobre o tema, artigo, matéria...se preocupando sempre com a possibilidade real de acesso.
Referências complementares: filme sobre o tema, artigo, matéria...se preocupando sempre com a possibilidade real de acesso.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
DIRECIONANDO AS AULAS DE SOCIOLOGIA PARA O ENEM
Segue um resumo das matrizes de referência focando nos conteúdos de sociologia. O link com o documento completo está a seguir: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.pdf
ENEM..criado em 1998 pra avaliar a educação básica. Desde 2009 também para ingresso nas IFES.
ENEM..criado em 1998 pra avaliar a educação básica. Desde 2009 também para ingresso nas IFES.
Demonstrar Domínio Geral: dominar
linguagens, compreender fenômenos, enfrentar situações problema, construir argumentação,
elaborar propostas.
Humanas: compreender
a questão da identidade, as mudanças no espaço como fruto do poder estatal e da
economia, compreender origem e papel das instituições relacionadas aos vários
grupos (identitários) e movimentos, compreender mudanças técnicas e
tecnológicas e sua relação com produção, conhecimento e vida social,
compreender fundamentos históricos da cidadania e democracia, compreender
relação entre sociedade e natureza e as mudanças no processo de interação de
uma com a outra.
Objetos de
conhecimentos em humanas - Quadro Geral:
Diversidade, conflitos e vida em sociedade
Ação do Estado, movimentos sociais, pensamento político, organização
social
Estruturas produtivas e transformações
Natureza e relação com o ambiente
Representação espacial
Temas específicos de
sociologia:
Cultura material e imaterial, patrimônio e diversidade no
Brasil
Movimentos culturais: impactos na politica e sociedade
Cidadania e democracia, estado e direitos, tipos de
democracia: direta, indireta, representativa
Formação da nação e conflitos entre grupos no Brasil
imperial
Colonização e migração: conflitos, impacto cultural
Tipos de direito: politicas afirmativas, direitos sociais no
Brasil
Escravismo, feudalismo, capitalismo, socialismo
Revolução industrial e impactos sociais
Indústria, urbanismo e mudanças sociais no Brasil
Globalização, tecnologias e consequências
Agronegócio, mudanças no campo, relação cidade-campo
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Relatório de trabalho - 1º bimestre de 2014 - Ensino de Sociologia
Relatório de trabalho
– 1º bimestre de 2014
Professor MS. Ronan
Gomes Gonçalves
Formação: Licenciado, bacharel e
mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista – Campus de
Marília.
1 ano cursado de Pedagogia pela
Univesp-Unesp de Assis.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL EM
EDUCAÇÃO: aluno estagiário em pesquisa acadêmica, pesquisador temporário em
censo penitenciário, alfabetizador de presos, professor de ensino básico na
rede pública, escritor.
1º BIMESTRE CONTEÚDO TRABALHADO: trabalhei temas transversais em sociologia enquanto as apostilas do currículo oficial não chegavam.
1º BIMESTRE CONTEÚDO TRABALHADO: trabalhei temas transversais em sociologia enquanto as apostilas do currículo oficial não chegavam.
1- O
que é sociologia e onde ela se aplica: expliquei o significado da palavra
sociologia, sua origem europeia – França e Alemanha -, sua presença como
formação complementar de muitas pessoas e seu uso variado em distintos campos.
Procurei mostrar como o conhecimento sobre a realidade social é usado pelas
empresas, na TV, na publicidade, em políticas públicas, em políticas
partidárias, na segurança pública e outros.
2- Movimento
Passe Livre e os protestos de junho de 2013: tratei da origem do movimento
Passe Livre, sua inspiração na “revolta do Buzu” ocorrida na Bahia em 2003, seu
caráter enquanto movimento juvenil, o papel da internet para a mobilização
nacional, a presença de setores violentos, a relação com a mídia e outros. Como
impactou a política nacional chegando a inspirar movimentos em outros países
(México), o surgimento de uma nova mídia, e como inspirou produções
estéticas: filmes, músicas, charges,
camisetas, peças de teatro, livros...
3- Educação
no Brasil: mostrei como o fato de o país ter sido escravocrata e muito rural
por longo tempo atrasou a criação de um sistema escolar amplo. Abordei o papel
dos jesuítas na criação das primeiras escolas e como somente no século 20 se
pensa uma rede laica e pública para o povo. Abordei como há fortes diferenças
regionais, ficando o Norte e o Nordeste com escolas mais precárias – muitas sem
energia elétrica. Citei os maiores desafios: 14 milhões de analfabetos no país,
muitos analfabetos funcionais e a necessidade de melhorar o ensino no geral.
Abordei a forte evasão no ensino médio: o país tem metade dos jovens de 15 a 18
anos fora da escola. Por fim, tratei como problemas estruturais do federalismo
– relação entre União e Estados – geram graves atrasos no setor, faltando um
currículo realmente unificado.
4- Atos
contra a Copa: abordei o fato de ter diminuído de 80% para menos de 50% a
aprovação popular sobre o evento. Que a crítica do povo ficou por conta de os
gastos bilionários não serem de primeira necessidade como saúde e educação, a
questão da corrupção que fez o evento custar mais que o dobro do que custou a
copa na Alemanha, a questão de ter havido despejos e remoções, acidentes de
trabalho com mortes e uso oportunista do evento por uns – houve clube que
chegou a contratar jogador com dinheiro público da copa. Expliquei quais eram
os grupos que organizavam as manifestações – geralmente jovens, estudantes,
gente de esquerda, mas também uns Black blocs (violentos). Tratei do fato de a
mídia ficar contra os atos, o governo mobilizar fortemente a segurança e de
como os atos vão aumentando conforme vai ficando mais próxima a copa. Também
abordei o papel de algumas personalidades e entidades que intervieram no
assunto.
5- Religião
no Brasil: expliquei que o país possui uma ampla diversidade religiosa por
conta da migração. Japoneses, árabes, portugueses, africanos, alemães,
estadunidenses, cada povo que veio pra cá e formou a base da nação trouxe uma
religião própria. Assim, o Brasil possui variadas entidades religiosas,
predominando a católica. Expliquei que até o século XIX o catolicismo era a
religião oficial, que há 30 mil denominações religiosas diferentes e que o país
possui ampla liberdade e tolerância religiosa. Assim, é muito mais fácil morrer
por conta de futebol do que por conta de credo religioso no país. Enquanto
outros países apresentam conflitos sangrentos por questões religiosas, no
Brasil as pessoas se matam por futebol. Expliquei que no país predominam
religiões oralizadas, havendo pouca leitura. Os grupos com maior carga de
leitura são o espírita e o judaico. Abordei o novo papel da TV para as
pregações e como é hoje importante estar na TV para que um grupo religioso
possua maior alcance. Tratei que o governo dá vários incentivos de isenção
fiscal para os grupos – IPTU, IPVA, IOF. Abordei a questão do trânsito
religioso e como está aumentando a população evangélica ao passo que diminui a
católica. Expliquei que os grupos religiosos possuem forte atuação social:
oferecem espaço de convivência, atividades culturais, apoio psicológico, orientação
ética e moral e que em muitos cantos, carentes de tudo, esses grupos são os
únicos a chegar.
Após o trabalho com os temas
transversais, dei início ao trabalho com o currículo oficial, as apostilas.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR: pedi aos
alunos que assistissem no Youtube o filme documentário “Pro dia nascer feliz”
que aborda a educação e as diferenças de classe e de região sobre o assunto.
Cada aluno deveria apresentar um texto analítico sobre o filme. A escolha do
documentário também foi pensada para que eles possam adquirir a capacidade de
lidar com outros modelos estéticos.
METODOLOGIA: trabalho um tema a
cada duas aulas. Na primeira aula, para cada tema eu apresento um resumo escrito
na lousa que os alunos devem copiar, guardando uma síntese sobre o tema.
Escrevo os tópicos mais importantes. Em seguida, faço uma explanação oral na
qual explico cada tópico e adiciono várias informações que os alunos devem
copiar no decorrer da fala. Explico a eles que nas faculdades é assim e que
devem se acostumar a fazer anotações em sala. Na segunda aula, eu retomo mais
rapidamente o tema trabalhado e peço que os alunos escrevam um texto de até 30
linhas sobre o assunto abordado. Nesse texto, o aluno tem que colocar as
informações apresentadas, mas pode expressar, também, opiniões próprias, desde
que relevantes para o tema. O padrão de um máximo de 30 linhas é para eles se
acostumarem com o padrão pedido pelo ENEM. A escrita se baseia em estudos de
neuro-linguistas que afirmam haver maior aprendizado quando se escreve sobre o
tema estudado. No processo, eu explico cada palavra desconhecida dos alunos e
cada conceito para que eles possam adquirir maior vocabulário e capacidade de
leitura. Exijo máxima atenção enquanto explico.
AVALIACAO: as atividades do
caderno são vistadas. Elas são obrigação do aluno e a falta de cada uma
acarreta desconto na nota. O trabalho complementar conta como elemento
adicional na média. Há uma prova bimestral com cinco questões de múltipla
escolha baseadas no conteúdo trabalhado.
Currículo do Estado de São Paulo: Metodologia do Ensino de Sociologia
Não é necessário expor novamente os dados cotidianamente publicados para
se afirmar a existência de um hiato entre o que é trabalhado nas licenciaturas
de ciências sociais e a realidade escolar do ensino médio. Certamente se
poderia arrolar como desculpa o fato de a sociologia ter ficado durante longos
anos excluída do currículo enquanto disciplina obrigatória, ressalva para o
fato de haver o mesmo distanciamento que ocorre com outras disciplinas consagradas,
como geografia e história, e é característica geral das licenciaturas. Entretanto,
não se pode desconsiderar que a luta pela institucionalização da sociologia não
foi adequadamente acompanhada da discussão séria sobre currículo e metodologias
de ensino.
Mesmo agora em que a sociologia é disciplina por lei, se encontra muito
poucas referências ao ensino nos congressos, palestras e debates acadêmicos.
Via de regra, embora parcela significativa dos formados acabe indo lecionar no
ensino médio, as atenções na academia estão todas voltadas para o ensino
superior. O resultado é a formação de professores sem clareza quanto ao
currículo e, principalmente, metodologia de ensino a serem aplicados. Essa
constatação dá validade a que se atente para o currículo de sociologia
implantado no Estado de São Paulo no contexto da reforma educacional em curso,
bem como à metodologia aplicada. O estudo do que tem sido feito no âmbito
escolar é importante não só como pesquisa em si sobre os elementos e
significados do currículo mas como ponto de referência para o desenvolvimento
de propostas e um pensar a respeito do trabalho realizado nas licenciaturas.
Materiais:
Em São Paulo, o currículo de sociologia se apresenta em três dimensões:
ao aluno é ofertado o caderno do aluno, o
professor recebe o caderno do professor e há atividades de formação continuada desenvolvidas
pelo programa Rede Aprende com a Rede, que
consiste em cursos online em que os intelectuais responsáveis pela formulação
do currículo surgem em videoaulas disponíveis aos professores. O material do
aluno constitui suporte para as atividades em sala, o do professor é um guia de
ensino que contém o conteúdo a ser ministrado e as orientações sobre como
trabalhar em sala, as videoaulas surgem como atividades formativas que fazem
uma discussão e revisão de parte do currículo.
Objetivo do Currículo:
O
currículo foi desenvolvido por Heloísa de Sousa Martins e equipe,
tendo como objetivo construir uma consciência política e cívica, uma vez que se
entende que há uma falta de consciência sobre as questões sociais por falta de
uma orientação sociológica. Não tem interesse, portanto, em formar sociólogos,
mas construir um aluno do ensino médio capaz de um outro olhar sobre a
realidade que o rodeia.
Indica-se que a sociologia ajuda na participação racional e informada dos
cidadãos, contribuindo para uma formação ética, autonomia intelectual, e um
pensamento crítico. A sociologia ajudaria a superar o senso comum, que tudo
sabe e explica, conhecimento imediatista, acrítico, com prenoções e
preconceitos. Ela busca construir um conhecimento orientado pelo distanciamento
da observação e da análise.
Há a preocupação com o desenvolvimento da imaginação sociológica, segundo
a conceituação de Wright Mills, que entende essa como a capacidade de pensar a
sociedade para se comprender o próprio percurso biográfico. A sociologia
ajudaria o jovem entender a sua própria vida dentro do contexto social maior, compreender
a sua própria experiência enquanto membro da sociedade, localizar-se a si e ao
outro no contexto social - entender seu mundo.
O currículo tem preocupação com a construção das identidades. Surge como
oportunidade de autoconhecimento para o estudante. Procura mostrar aos alunos
que a identidade é sempre relacional, marcada pela diferença. Ele é ele porque
é diferente do outro, e só é possível compreender a si mesmo compreendendo o
outro.
Temas e Conteúdo:
Se há algo que não se pode afirmar
sobre o currículo de sociologia é que ele tenha sido feito com preguiça. Ao contrário,
diferentemente do currículo de muitas unidades escolares e de Secretarias de
Educação de outros Estados que consistem na aplicação pura e simples de livros
com conteúdos de sociologia ou meras indicações de temas, o currículo do Estado
de São Paulo parte, ele próprio, de um prévio conhecimento sociológico a
respeito da clientela a que se destina e dos temas pertinentes a tais.
O currículo leva em conta que o
ensino se destina a uma juventude afetada por várias questões e procura se
estruturar por temas que focam na juventude. Vemos arroladas a questão da
violência, do desemprego, das identidades e culturas juvenis, do simbolismo que
permeia a vida social, da estratificação, da comunicação e cultura, do
trabalho, da migração, da cidadania e formas de participação, das estruturas
governamentais que os afetam, da desumanização e coisificação, da esperança e
do sonho. É claramente um currículo voltado para o jovem, formulado em cima de
três grandes eixos: cultura e socialização, diferença e desigualdade,
cidadania.
Assim, o primeiro ano abarca o surgimento e função da sociologia, a
desnaturalização e estranhamento da realidade, o homem como ser social, a
socialização em várias etapadas da vida, as diferenças entre sociedades, o
simbólico e a cultura, as desigualdades de gênero, classe social, geração e desigualdades
decorrentes de preconceito de cor. O segundo ano contém diversidade social
brasileira nacional e regional, a questão do estrangeiro, migrações,
aculturação e assimilação, cultura e cultura de massa, o trabalho como
mediação, divisão social, sexual e etária do trabalho, aspectos do trabalho no
mundo industrial, exploração, emprego e desemprego, mudanças no mundo do
trabalho, violências simbólicas, sexuais, físicas, psicológicas, escolares, domésticas
e as razões para a violência. O terceiro ano é explicitamente de política,
contendo cidadania – origem,
desenvolvimento, tipos de direito, constituição de 1988, lutas e expansão da
cidadania, grupos especiais de direito: crianças, idosos, mulheres; movimentos
sociais e formas de participação popular na história brasileira, movimentos
populares urbanos, novos movimentos sociais (feminista, ecológico, GLBT,
negro), teoria do Estado, sistemas de governo, organização política do Estado
brasileiro, eleições e partidos políticos, desumanização e coisificação do
outro, reprodução da violência e da desigualdade, papel social transformador da
esperança e do sonho.
Vê-se a presença da sociologia, antropologia
e da política que são permeadas por conteúdos históricos e geográficos além de
referências estéticas. Embora o terceiro ano seja todo ele de política, o
primeiro e o segundo mesclam sociologia e antropologia. Os três eixos, cultura
e socialização, diferença e desigualdade, cidadania, também estão presentes nos
três anos, embora haja uma predominância do tema cidadania no terceiro.
Princípios Orientadores:
O currículo se estrutura em três grandes princípios atitudinais:
-Estranhamento.
-Desnaturalização.
-Construção do olhar sociológico.
O estranhamento consiste na metodologia de se buscar conhecer a
realidade, os fatos sociais, como se fosse um observador externo, olhando de
fora. A ideia é buscar fazer com que o aluno consiga se afastar para observar
de longe os fatos sociais, vendo-os como estranhos, num exemplo, estranhar o
fato de todos torcerem para a seleção brasileria de futebol em nosso
território. A desnaturalização consiste na metodologia de não tomar como natural a realidade,
entender que todos os fatos sociais requerem uma explicação racional. Busca dispensar
as justificações óbvias e cotidianas que naturalizam os fatos, pois isso é requisito
de novas abordagens e novas explicações fundadas na razão, deve-se explicar
todos os fatos sociais. No mesmo exemplo, explicar a razão de todos torcerem
para a seleção brasileira questionando se sempre foi assim. O olhar sociológico
parte dos dois princípios expostos e busca interrogar a realidade social,
questionar as relações entre pessoas, superar o senso comum, que é o pensamento
de quem tem preguiça de pensar, buscando enredar os fatos numa rede mais ampla
que é a das causalidades sociais. No exemplo, buscar os condicionantes sociais
que criaram e mantém a existência de uma massiva torcida para um time de
futebol, a seleção brasileira. O olhar sociológico atenta ainda para o fato de
como nosso olhar é construído e determinado socialmente, o que implica ponderar
nosso próprios valores como condição de bem observar os fatos sociais.
Metodologia de Ensino:
Se baseia num tripé: alfabetização
conceitual, absorção e discussão de temas,
pesquisa. Por exemplo, ao trabalharar a questão dos fluxos migratórios,
se desenvolve o aprendizado sobre o conceito de estrangeiro para Simmel, se
discute o tema em si baseado em dados empíricos que trazem conhecimento sobre a
realidade das migrações e se propôe pesquisa ao aluno. O currículo contém um processo
contínuo de aprendizado sobre como a sociologia aborda diferencialmente dados
temas, o que gera uma vocabulário próprio e foco específico. Em sociologia, trabalho,
por exemplo, é diferente de emprego. A esse aprendizado inicial do conceito e
do vocabulário sociológico soma-se o conhecimento direto da questão que, por
fim, serve de objeto para pesquisas e novas formulações.
A abordagem é bastante prática, uma
vez que o currículo, contrariando o que é hegemônico nas universidades, desviou-se
da velha tradição de se ver o ensino de sociologia como mero ensino do
pensamento sociológico. Num exemplo, procura-se ensinar ao aluno o Estado tal
qual ele existe institucionalmente e não somente as ideias de Estado
construídas por Maquiavel, Hobbes ou Rosseau. Uma vez que se pretende compreender
quem o aluno é, toma-se o seu mundo como ponto de partida e de chegada,
aproxima-se dele para estranhar o mundo com ele, utiliza-se os temas e
conceitos da teoria aplicando-os aos problemas que afetam os brasileiros e
brasileiros jovens.
Como prática de aula, o ensino aposta no diálogo professor-aluno, e no
diálogo com outras disciplinas. Possui, em cada situação de aprendizagem, uma parte
inicial de sensibilização onde se procura despertar o alunado para a temática
que se irá trabalhar. Deve-se, ainda, usar o conhecimento dos jovens como ponto
de partida e desenrolar da atividade. O diálogo com outras disciplinas inclui o
uso das ciências sociais, estatística, biologia, história, geografia,
filosofia, direito, guardando-se a especificidade de cada área.
O material para trabalho em sala contém:
- Texto para leitura e análise:
sociológicos, literários, poemas, letras de música
- Pesquisas e dados
- Indicação de filmes e
documentários
- Gráficos e tabelas
-Fotografias, charges, símbolos.
-Questionários e propostas de textos
a serem desenvolvidos
- Propostas de atividades
individuais e coletivas
A leitura e análise de textos é a base, dada a preocupação de se aumentar
a leitura dos alunos tanto com textos sociológicos, como literários, letras de
música e etc. O currículo preocupa-se que o aluno aprenda a entender o que lê,
ser capaz de compreender e interpretar o texto, assim como, desenvolver a
capacidade argumentativa.
Aponta que se deve:
-Perguntar aos alunos o que entendeu
do texto, extraindo seu entendimento
-Fazer o aluno anotar palavras que
não conhece
-Fazer o aluno ler antes da aula
-Procurar no dicionário
Deve-se, também, fazer o exercício da escrita para que o aluno exponha a
compreensão do que foi lido e explicado. Entende que atividades escritas ajudam
o aluno a ordenar ideias, construir argumentos com coerência lógica e correção
gramatical.
Aponta que deve-se utilizar as pesquisas como recurso para o olhar
sociológico, observar a realidade e refletir sobre ela. Os questionários ajudam
a refletir sobre as questões e os filmes auxiliam na construção da imaginação
sociológica, além de romper o ensino baseado somente na fala. Os gráficos e as tabelas ajudam a esclarecer
os conceitos.
Ao se analisar textos, deve-se focar o título, a fonte do texto, os
gráficos e tabelas que existam e esclarecer as siglas. Ao usar mapas, deve-se
comparar os dados gerais com os dados setoriais, também pode-se aumentar o
levantamento buscando dados sobre a realidade local. Pode-se usar a mídia como
referência e enriquecimento da discussão e outros conhecimentos que estejam
acessíveis aos alunos.
Lacunas
e Críticas:
Não abordou crime, aborto, drogas, falta mais
textos, mais desenhos, grafite, falta o rap, regionalização, impressão em
volumes maiores, curtas-metragem pra trabalho em sala, figuras grandes, livro
auxiliar ou textos adicionais, portal educacional para o aluno, provas padrão,
exercícios em modelos lúdicos, pensar atividades pedagógicas fora de sala..
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