quarta-feira, 23 de julho de 2014

Esquemão para produção de aulas de sociologia focadas no ENEM

Título: O que é tecnocracia

Resumo: tecnocracia é um conceito que define o exercício do poder por um grupo que possui conhecimentos especializados. Assim, pode-se falar em tecnocratas da educação, tecnocratas da segurança, tecnocratas da saúde e etc.

Habilidade do ENEM trabalhada: compreender mudanças técnicas e tecnológicas e sua relação com produção, conhecimentos e vida social

Professor: enfatizar o quadro amplo do poder e explicar o que é tecnocracia. Texto para o professor: setores não eleitos diretamente possuem amplo impacto sobre a sociedade e os cidadãos. Definir tecnocracia. Exemplificar questão da água em São Paulo.

Aluno: leitura de texto de jornal sobre o tema.

Atividade: perguntas e escrita: qual o tema geral da reportagem? Você tinha se preocupado tanto com a água antes? Quais são as autoridades sobre os recursos hídricos? Gerir a água é uma forma de poder? Explique!

Resultado: absorção de conceito, problematização de tema atual, leitura, escrita, aquisição de vocabulário


Palavras e conceitos:  conceito de tecnocracia + palavras desconhecidas.

Referências complementares: filme sobre o tema, artigo, matéria...se preocupando sempre com a possibilidade real de acesso. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

DIRECIONANDO AS AULAS DE SOCIOLOGIA PARA O ENEM

Segue um resumo das matrizes de referência focando nos conteúdos de sociologia. O link com o documento completo está a seguir: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.pdf


ENEM..criado em 1998 pra avaliar a educação básica. Desde 2009 também para ingresso nas IFES. 

Demonstrar Domínio Geral: dominar linguagens, compreender fenômenos, enfrentar situações problema, construir argumentação, elaborar propostas.

Humanas: compreender a questão da identidade, as mudanças no espaço como fruto do poder estatal e da economia, compreender origem e papel das instituições relacionadas aos vários grupos (identitários) e movimentos, compreender mudanças técnicas e tecnológicas e sua relação com produção, conhecimento e vida social, compreender fundamentos históricos da cidadania e democracia, compreender relação entre sociedade e natureza e as mudanças no processo de interação de uma com a outra.
   
Objetos de conhecimentos em humanas - Quadro Geral:
Diversidade, conflitos e vida em sociedade
Ação do Estado, movimentos sociais, pensamento político, organização social
Estruturas produtivas e transformações
Natureza e relação com o ambiente
Representação espacial
Temas específicos de sociologia:
Cultura material e imaterial, patrimônio e diversidade no Brasil
Movimentos culturais: impactos na politica e sociedade
Cidadania e democracia, estado e direitos, tipos de democracia: direta, indireta, representativa
Formação da nação e conflitos entre grupos no Brasil imperial
Colonização e migração: conflitos, impacto cultural
Tipos de direito: politicas afirmativas, direitos sociais no Brasil
Escravismo, feudalismo, capitalismo, socialismo
Revolução industrial e impactos sociais
Indústria, urbanismo e mudanças sociais no Brasil
Globalização, tecnologias e consequências

Agronegócio, mudanças no campo, relação cidade-campo

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Relatório de trabalho - 1º bimestre de 2014 - Ensino de Sociologia

Relatório de trabalho – 1º bimestre de 2014
Professor MS. Ronan Gomes Gonçalves
Formação: Licenciado, bacharel e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista – Campus de Marília.
1 ano cursado de Pedagogia pela Univesp-Unesp de Assis.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO: aluno estagiário em pesquisa acadêmica, pesquisador temporário em censo penitenciário, alfabetizador de presos, professor de ensino básico na rede pública, escritor.

1º BIMESTRE CONTEÚDO TRABALHADO: trabalhei temas transversais em sociologia enquanto as apostilas do currículo oficial não chegavam. 
1-      O que é sociologia e onde ela se aplica: expliquei o significado da palavra sociologia, sua origem europeia – França e Alemanha -, sua presença como formação complementar de muitas pessoas e seu uso variado em distintos campos. Procurei mostrar como o conhecimento sobre a realidade social é usado pelas empresas, na TV, na publicidade, em políticas públicas, em políticas partidárias, na segurança pública e outros.
2-      Movimento Passe Livre e os protestos de junho de 2013: tratei da origem do movimento Passe Livre, sua inspiração na “revolta do Buzu” ocorrida na Bahia em 2003, seu caráter enquanto movimento juvenil, o papel da internet para a mobilização nacional, a presença de setores violentos, a relação com a mídia e outros. Como impactou a política nacional chegando a inspirar movimentos em outros países (México), o surgimento de uma nova mídia, e como inspirou produções estéticas:  filmes, músicas, charges, camisetas, peças de teatro, livros...
3-      Educação no Brasil: mostrei como o fato de o país ter sido escravocrata e muito rural por longo tempo atrasou a criação de um sistema escolar amplo. Abordei o papel dos jesuítas na criação das primeiras escolas e como somente no século 20 se pensa uma rede laica e pública para o povo. Abordei como há fortes diferenças regionais, ficando o Norte e o Nordeste com escolas mais precárias – muitas sem energia elétrica. Citei os maiores desafios: 14 milhões de analfabetos no país, muitos analfabetos funcionais e a necessidade de melhorar o ensino no geral. Abordei a forte evasão no ensino médio: o país tem metade dos jovens de 15 a 18 anos fora da escola. Por fim, tratei como problemas estruturais do federalismo – relação entre União e Estados – geram graves atrasos no setor, faltando um currículo realmente unificado.
4-      Atos contra a Copa: abordei o fato de ter diminuído de 80% para menos de 50% a aprovação popular sobre o evento. Que a crítica do povo ficou por conta de os gastos bilionários não serem de primeira necessidade como saúde e educação, a questão da corrupção que fez o evento custar mais que o dobro do que custou a copa na Alemanha, a questão de ter havido despejos e remoções, acidentes de trabalho com mortes e uso oportunista do evento por uns – houve clube que chegou a contratar jogador com dinheiro público da copa. Expliquei quais eram os grupos que organizavam as manifestações – geralmente jovens, estudantes, gente de esquerda, mas também uns Black blocs (violentos). Tratei do fato de a mídia ficar contra os atos, o governo mobilizar fortemente a segurança e de como os atos vão aumentando conforme vai ficando mais próxima a copa. Também abordei o papel de algumas personalidades e entidades que intervieram no assunto.
5-      Religião no Brasil: expliquei que o país possui uma ampla diversidade religiosa por conta da migração. Japoneses, árabes, portugueses, africanos, alemães, estadunidenses, cada povo que veio pra cá e formou a base da nação trouxe uma religião própria. Assim, o Brasil possui variadas entidades religiosas, predominando a católica. Expliquei que até o século XIX o catolicismo era a religião oficial, que há 30 mil denominações religiosas diferentes e que o país possui ampla liberdade e tolerância religiosa. Assim, é muito mais fácil morrer por conta de futebol do que por conta de credo religioso no país. Enquanto outros países apresentam conflitos sangrentos por questões religiosas, no Brasil as pessoas se matam por futebol. Expliquei que no país predominam religiões oralizadas, havendo pouca leitura. Os grupos com maior carga de leitura são o espírita e o judaico. Abordei o novo papel da TV para as pregações e como é hoje importante estar na TV para que um grupo religioso possua maior alcance. Tratei que o governo dá vários incentivos de isenção fiscal para os grupos – IPTU, IPVA, IOF. Abordei a questão do trânsito religioso e como está aumentando a população evangélica ao passo que diminui a católica. Expliquei que os grupos religiosos possuem forte atuação social: oferecem espaço de convivência, atividades culturais, apoio psicológico, orientação ética e moral e que em muitos cantos, carentes de tudo, esses grupos são os únicos a chegar.       

Após o trabalho com os temas transversais, dei início ao trabalho com o currículo oficial, as apostilas.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR: pedi aos alunos que assistissem no Youtube o filme documentário “Pro dia nascer feliz” que aborda a educação e as diferenças de classe e de região sobre o assunto. Cada aluno deveria apresentar um texto analítico sobre o filme. A escolha do documentário também foi pensada para que eles possam adquirir a capacidade de lidar com outros modelos estéticos.
METODOLOGIA: trabalho um tema a cada duas aulas. Na primeira aula, para cada tema eu apresento um resumo escrito na lousa que os alunos devem copiar, guardando uma síntese sobre o tema. Escrevo os tópicos mais importantes. Em seguida, faço uma explanação oral na qual explico cada tópico e adiciono várias informações que os alunos devem copiar no decorrer da fala. Explico a eles que nas faculdades é assim e que devem se acostumar a fazer anotações em sala. Na segunda aula, eu retomo mais rapidamente o tema trabalhado e peço que os alunos escrevam um texto de até 30 linhas sobre o assunto abordado. Nesse texto, o aluno tem que colocar as informações apresentadas, mas pode expressar, também, opiniões próprias, desde que relevantes para o tema. O padrão de um máximo de 30 linhas é para eles se acostumarem com o padrão pedido pelo ENEM. A escrita se baseia em estudos de neuro-linguistas que afirmam haver maior aprendizado quando se escreve sobre o tema estudado. No processo, eu explico cada palavra desconhecida dos alunos e cada conceito para que eles possam adquirir maior vocabulário e capacidade de leitura. Exijo máxima atenção enquanto explico.

AVALIACAO: as atividades do caderno são vistadas. Elas são obrigação do aluno e a falta de cada uma acarreta desconto na nota. O trabalho complementar conta como elemento adicional na média. Há uma prova bimestral com cinco questões de múltipla escolha baseadas no conteúdo trabalhado. 

Currículo do Estado de São Paulo: Metodologia do Ensino de Sociologia



Não é necessário expor novamente os dados cotidianamente publicados para se afirmar a existência de um hiato entre o que é trabalhado nas licenciaturas de ciências sociais e a realidade escolar do ensino médio. Certamente se poderia arrolar como desculpa o fato de a sociologia ter ficado durante longos anos excluída do currículo enquanto disciplina obrigatória, ressalva para o fato de haver o mesmo distanciamento que ocorre com outras disciplinas consagradas, como geografia e história, e é característica geral das licenciaturas. Entretanto, não se pode desconsiderar que a luta pela institucionalização da sociologia não foi adequadamente acompanhada da discussão séria sobre currículo e metodologias de ensino.
Mesmo agora em que a sociologia é disciplina por lei, se encontra muito poucas referências ao ensino nos congressos, palestras e debates acadêmicos. Via de regra, embora parcela significativa dos formados acabe indo lecionar no ensino médio, as atenções na academia estão todas voltadas para o ensino superior. O resultado é a formação de professores sem clareza quanto ao currículo e, principalmente, metodologia de ensino a serem aplicados. Essa constatação dá validade a que se atente para o currículo de sociologia implantado no Estado de São Paulo no contexto da reforma educacional em curso, bem como à metodologia aplicada. O estudo do que tem sido feito no âmbito escolar é importante não só como pesquisa em si sobre os elementos e significados do currículo mas como ponto de referência para o desenvolvimento de propostas e um pensar a respeito do trabalho realizado nas licenciaturas.

Materiais:
Em São Paulo, o currículo de sociologia se apresenta em três dimensões: ao aluno é ofertado o caderno do aluno, o professor recebe o caderno do professor  e há atividades de formação continuada desenvolvidas pelo programa Rede Aprende com a Rede, que consiste em cursos online em que os intelectuais responsáveis pela formulação do currículo surgem em videoaulas disponíveis aos professores. O material do aluno constitui suporte para as atividades em sala, o do professor é um guia de ensino que contém o conteúdo a ser ministrado e as orientações sobre como trabalhar em sala, as videoaulas surgem como atividades formativas que fazem uma discussão e revisão de parte do currículo.

Objetivo do Currículo:
O  currículo foi desenvolvido por Heloísa de Sousa Martins e equipe, tendo como objetivo construir uma consciência política e cívica, uma vez que se entende que há uma falta de consciência sobre as questões sociais por falta de uma orientação sociológica. Não tem interesse, portanto, em formar sociólogos, mas construir um aluno do ensino médio capaz de um outro olhar sobre a realidade que o rodeia.
Indica-se que a sociologia ajuda na participação racional e informada dos cidadãos, contribuindo para uma formação ética, autonomia intelectual, e um pensamento crítico. A sociologia ajudaria a superar o senso comum, que tudo sabe e explica, conhecimento imediatista, acrítico, com prenoções e preconceitos. Ela busca construir um conhecimento orientado pelo distanciamento da observação e da análise.
Há a preocupação com o desenvolvimento da imaginação sociológica, segundo a conceituação de Wright Mills, que entende essa como a capacidade de pensar a sociedade para se comprender o próprio percurso biográfico. A sociologia ajudaria o jovem entender a sua própria vida dentro do contexto social maior, compreender a sua própria experiência enquanto membro da sociedade, localizar-se a si e ao outro no contexto social - entender seu mundo.
O currículo tem preocupação com a construção das identidades. Surge como oportunidade de autoconhecimento para o estudante. Procura mostrar aos alunos que a identidade é sempre relacional, marcada pela diferença. Ele é ele porque é diferente do outro, e só é possível compreender a si mesmo compreendendo o outro.

Temas e Conteúdo:
            Se há algo que não se pode afirmar sobre o currículo de sociologia é que ele tenha sido feito com preguiça. Ao contrário, diferentemente do currículo de muitas unidades escolares e de Secretarias de Educação de outros Estados que consistem na aplicação pura e simples de livros com conteúdos de sociologia ou meras indicações de temas, o currículo do Estado de São Paulo parte, ele próprio, de um prévio conhecimento sociológico a respeito da clientela a que se destina e dos temas pertinentes a tais.
            O currículo leva em conta que o ensino se destina a uma juventude afetada por várias questões e procura se estruturar por temas que focam na juventude. Vemos arroladas a questão da violência, do desemprego, das identidades e culturas juvenis, do simbolismo que permeia a vida social, da estratificação, da comunicação e cultura, do trabalho, da migração, da cidadania e formas de participação, das estruturas governamentais que os afetam, da desumanização e coisificação, da esperança e do sonho. É claramente um currículo voltado para o jovem, formulado em cima de três grandes eixos: cultura e socialização, diferença e desigualdade, cidadania.
Assim, o primeiro ano abarca o surgimento e função da sociologia, a desnaturalização e estranhamento da realidade, o homem como ser social, a socialização em várias etapadas da vida, as diferenças entre sociedades, o simbólico e a cultura, as desigualdades de gênero, classe social, geração e desigualdades decorrentes de preconceito de cor. O segundo ano contém diversidade social brasileira nacional e regional, a questão do estrangeiro, migrações, aculturação e assimilação, cultura e cultura de massa, o trabalho como mediação, divisão social, sexual e etária do trabalho, aspectos do trabalho no mundo industrial, exploração, emprego e desemprego, mudanças no mundo do trabalho, violências simbólicas, sexuais, físicas, psicológicas, escolares, domésticas e as razões para a violência. O terceiro ano é explicitamente de política, contendo  cidadania – origem, desenvolvimento, tipos de direito, constituição de 1988, lutas e expansão da cidadania, grupos especiais de direito: crianças, idosos, mulheres; movimentos sociais e formas de participação popular na história brasileira, movimentos populares urbanos, novos movimentos sociais (feminista, ecológico, GLBT, negro), teoria do Estado, sistemas de governo, organização política do Estado brasileiro, eleições e partidos políticos, desumanização e coisificação do outro, reprodução da violência e da desigualdade, papel social transformador da esperança e do sonho.
            Vê-se a presença da sociologia, antropologia e da política que são permeadas por conteúdos históricos e geográficos além de referências estéticas. Embora o terceiro ano seja todo ele de política, o primeiro e o segundo mesclam sociologia e antropologia. Os três eixos, cultura e socialização, diferença e desigualdade, cidadania, também estão presentes nos três anos, embora haja uma predominância do tema cidadania no terceiro.

Princípios Orientadores:
O currículo se estrutura em três grandes princípios atitudinais:
            -Estranhamento.
            -Desnaturalização.
            -Construção do olhar sociológico.
O estranhamento consiste na metodologia de se buscar conhecer a realidade, os fatos sociais, como se fosse um observador externo, olhando de fora. A ideia é buscar fazer com que o aluno consiga se afastar para observar de longe os fatos sociais, vendo-os como estranhos, num exemplo, estranhar o fato de todos torcerem para a seleção brasileria de futebol em nosso território. A desnaturalização consiste na metodologia  de não tomar como natural a realidade, entender que todos os fatos sociais requerem uma explicação racional. Busca dispensar as justificações óbvias e cotidianas que naturalizam os fatos, pois isso é requisito de novas abordagens e novas explicações fundadas na razão, deve-se explicar todos os fatos sociais. No mesmo exemplo, explicar a razão de todos torcerem para a seleção brasileira questionando se sempre foi assim. O olhar sociológico parte dos dois princípios expostos e busca interrogar a realidade social, questionar as relações entre pessoas, superar o senso comum, que é o pensamento de quem tem preguiça de pensar, buscando enredar os fatos numa rede mais ampla que é a das causalidades sociais. No exemplo, buscar os condicionantes sociais que criaram e mantém a existência de uma massiva torcida para um time de futebol, a seleção brasileira. O olhar sociológico atenta ainda para o fato de como nosso olhar é construído e determinado socialmente, o que implica ponderar nosso próprios valores como condição de bem observar os fatos sociais.

Metodologia de Ensino:
            Se baseia num tripé: alfabetização conceitual, absorção e discussão de temas,  pesquisa. Por exemplo, ao trabalharar a questão dos fluxos migratórios, se desenvolve o aprendizado sobre o conceito de estrangeiro para Simmel, se discute o tema em si baseado em dados empíricos que trazem conhecimento sobre a realidade das migrações e se propôe pesquisa ao aluno. O currículo contém um processo contínuo de aprendizado sobre como a sociologia aborda diferencialmente dados temas, o que gera uma vocabulário próprio e foco específico. Em sociologia, trabalho, por exemplo, é diferente de emprego. A esse aprendizado inicial do conceito e do vocabulário sociológico soma-se o conhecimento direto da questão que, por fim, serve de objeto para pesquisas e novas formulações.
            A abordagem é bastante prática, uma vez que o currículo, contrariando o que é hegemônico nas universidades, desviou-se da velha tradição de se ver o ensino de sociologia como mero ensino do pensamento sociológico. Num exemplo, procura-se ensinar ao aluno o Estado tal qual ele existe institucionalmente e não somente as ideias de Estado construídas por Maquiavel, Hobbes ou Rosseau. Uma vez que se pretende compreender quem o aluno é, toma-se o seu mundo como ponto de partida e de chegada, aproxima-se dele para estranhar o mundo com ele, utiliza-se os temas e conceitos da teoria aplicando-os aos problemas que afetam os brasileiros e brasileiros jovens.
Como prática de aula, o ensino aposta no diálogo professor-aluno, e no diálogo com outras disciplinas. Possui, em cada situação de aprendizagem, uma parte inicial de sensibilização onde se procura despertar o alunado para a temática que se irá trabalhar. Deve-se, ainda, usar o conhecimento dos jovens como ponto de partida e desenrolar da atividade. O diálogo com outras disciplinas inclui o uso das ciências sociais, estatística, biologia, história, geografia, filosofia, direito, guardando-se a especificidade de cada área.
O material para trabalho em sala contém:
            - Texto para leitura e análise: sociológicos, literários, poemas, letras de música
            - Pesquisas e dados
            - Indicação de filmes e documentários
            - Gráficos e tabelas
            -Fotografias, charges, símbolos.
            -Questionários e propostas de textos a serem desenvolvidos
            - Propostas de atividades individuais e coletivas

A leitura e análise de textos é a base, dada a preocupação de se aumentar a leitura dos alunos tanto com textos sociológicos, como literários, letras de música e etc. O currículo preocupa-se que o aluno aprenda a entender o que lê, ser capaz de compreender e interpretar o texto, assim como, desenvolver a capacidade argumentativa.
            Aponta que se deve:
            -Perguntar aos alunos o que entendeu do texto, extraindo seu entendimento
            -Fazer o aluno anotar palavras que não conhece
            -Fazer o aluno ler antes da aula
            -Procurar no dicionário
Deve-se, também, fazer o exercício da escrita para que o aluno exponha a compreensão do que foi lido e explicado. Entende que atividades escritas ajudam o aluno a ordenar ideias, construir argumentos com coerência lógica e correção gramatical.
Aponta que deve-se utilizar as pesquisas como recurso para o olhar sociológico, observar a realidade e refletir sobre ela. Os questionários ajudam a refletir sobre as questões e os filmes auxiliam na construção da imaginação sociológica, além de romper o ensino baseado somente na fala.  Os gráficos e as tabelas ajudam a esclarecer os conceitos.
Ao se analisar textos, deve-se focar o título, a fonte do texto, os gráficos e tabelas que existam e esclarecer as siglas. Ao usar mapas, deve-se comparar os dados gerais com os dados setoriais, também pode-se aumentar o levantamento buscando dados sobre a realidade local. Pode-se usar a mídia como referência e enriquecimento da discussão e outros conhecimentos que estejam acessíveis aos alunos.

 Lacunas e Críticas:
             Não abordou crime, aborto, drogas, falta mais textos, mais desenhos, grafite, falta o rap, regionalização, impressão em volumes maiores, curtas-metragem pra trabalho em sala, figuras grandes, livro auxiliar ou textos adicionais, portal educacional para o aluno, provas padrão, exercícios em modelos lúdicos, pensar atividades pedagógicas fora de sala..