segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Resumo Módulo 5 - Aprendizagem e a relação com o conhecimento

Módulo 5
Aprendizagem e a relação com o conhecimento

            Módulo se preocupa em pensar a aprendizagem dos alunos e a forma como eles se relacionam com o conhecimento. Abordará competências e habilidades, o papel do conteúdo, as necessidades do processo de aprendizagem, suportes de apoio ao conhecimento. Busca dar compreensão sobre competências e habilidades, entender as competências e habilidades do Enem, saber usar competências em sala de aula.
            Competência seria a capacidade de raciocínio, de analisar, de pensar as questões, de pensar as hipoteses, as saídas.
Dicionário Aurélio
Competência: faculdade concedida por lei a um funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões; qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade; oposição, conflito, luta.
Lino de Macedo
Lino de Macedo citando Le Boterf (2000/2003): Competência é um saber combinatório, singular, contextualizado e que nos possibilita tomar decisões, mobilizar recursos e ativar esquemas necessários à prática profissional.
Nilson José Machado
A competência é um atributo das pessoas, exerce-se em um âmbito bem delimitado, está associada a uma capacidade de mobilização de recursos, realiza-se necessariamente junto com os outros, exige capacidade de abstração e pressupõe conhecimento de conteúdos.
Philippe Perrenoud
Competência é a faculdade de mobilizar uma série de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. As competências estão ligadas a diferentes contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo. A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras, não.
ENEM
Competência é a capacidade ou habilidade que uma pessoa tem de resolver situações-problema. É o conjunto de conhecimentos, capacidades e aptidões que habilitam as pessoas para desempenhar atividades da vida cotidiana.
A competência é conquistada através do desenvolvimento de habilidades.
Utilizar uma competência é associar conhecimentos e habilidades para o enfrentamento de uma determinada situação. Avaliando competências, o ENEM confere se o aluno consegue utilizar o conteúdo aprendido em sua escolarização básica para resolução de problemas em sua vida cotidiana.
           
            Competência está relacionado com um saber fazer, com um saber agir, com uma capacidade. Consegue-se uma dada competência desenvolvendo habilidades. Algumas competências se desenvolvem na escola, outras fora dela. Competências é um saber que nos possibilita ativar esquemas necessários à prática profissional. Competência se alcança pelo desenvolvimento de habilidades. Competência se realiza necessariamente junto aos outros. Competência exige abstrações e conhecimento de conteúdos. Confere se o aluno é capaz de utilizar o conhecimento aprendido na escola para resolver questões do cotidiano. Competência requer domínio de conteúdos, de habilidades, de linguagens, de valores culturais, de emoções. Competência é uma capacidade humana, associa habilidades e conhecimentos, envolve recursos cognitivos, envolve um saber fazer algo em dado contexto, uma ação, relaciona-se a solução de situações problema. Competências se desenvolvem dentro e fora da escola, relaciona-se com o mundo do trabalho, adquiri-se desenvolvendo habilidades, pressupôe conhecimento de conteúdos.
            Habilidades e competências:  as habilidades são menores que as competências. Várias habilidades formam uma competência e uma mesma habilidade pode servir de elemento para competências distintas. Exemplo: a habilidade de falar bem pode servir para a competência de ensinar, de comunicar, de narrar, de advogar e etc. A competência consiste na mobilização ativa das habilidades para resolver uma situação problema. O homem possui habilidades cognitivas, psicomotoras, sociais, afetivas. As habilidades se dividem em tipos diferentes de conteúdos. Conteúdos conceituais/factuais: englobam fatos, conceitos, o que se deve saber. Conteúdos procedimentais: englobam métodos, técnicas, o que se deve saber fazer. Conteúdos atitudinais: englobam valores, normais, o que se deve ser. As habilidades são menores do que as competências, se referem a itens menores de ação/fim. Por exemplo, ordenar em ordem alfabética, ler, escrever, separar de menor para maior, conhecer um conceito, usá-lo em um texto, demonstrar conhecimento sobre um tema, articulá-lo num debate, reavaliá-lo, posicionar-se etc. Qualquer habilidade implica uma ação física e mental do indivíduo em um dado contexto. È um tipo de conhecimento caracterizada por saber fazer.
            Na concepção de aprendizagem de A. Zabala, não é possivel para o professor ou professora ensinar sem se deter nas referências de como os alunos aprendem. Zabala destaca a necessidade do professor também estar atento às particularidades dos processos de aprendizagem de cada aluno (diversidade). No caso do ensino de habilidades, Zabala afirma ser importante levar em consideração as etapas de como o aluno aprende: a realização de ações que formam os procedimentos é uma condição essencial para sua aprendizagem; a exercitação múltipla é elemento imprescindível para o domínio competente; a reflexão sobre a própria atividade permite que o aluno tome consciência de sua própria atuação; a aplicação em contextos diferenciados possibilita a transferência do conhecimento adquirido. Zabala aponta que se deve partir de situações significativas e funcionais, atividades devem seguir uma ordem e irem progredindo, deve-se apresentar modelos, ter uma prática ordenada e oferecer ajuda de diferentes graus, dar possibilidade de independência para os aprendizes.
            Aprendizagem requerida dos alunos, atuação do professor, metodologias disciplinares, conteúdos de cada disciplina tudo é articulado por meio de um currículo voltado para as competências.
            O professor deve mobilizar metodologias, saberes próprios, conteúdos, para desenvolver competências nos adolescentes, instigar desdobramentos para a vida adulta. O currículo baseado em competências tira o foco do ensino e passa a focar a aprendizagem, preocupa-se em pensar o que o aluno vai aprender. As 5 competência do ENEM são:  dominar linguagens: a norma culta e linguagens artísticas, matemática e outras mais; compreender fenômenos: usar conceitos para entender processos naturais, socio-históricos, tecnológicos, artísticos, entender situações problema, construir argumentações, elaborar propostas: de intervenção solidária e que respeite os valores sociis e humanos.
            Dominar linguagens:dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem matemática, artística e científica.  Compreender Fenômenos: construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestaçõesartísticas. Entender Situações-Problema: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações problema. Construir Argumentação:
Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. Elaborar Proposta: recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
            Dentro do ENEM há uma articulação de cada competência com o conjunto de habilidades que lhe compete. Há habilidades que fazem parte de mais de uma competência.
            As 21 habilidades do Enem:
1- Compreender e utilizar variáveis;
2- compreender e utilizar gráficos;
3- analisar dados estatísticos;
4- inter-relacionar linguagens;
5- contextualizar arte e literatura;
6- compreender as variantes lingüísticas;
7- compreender a geração e o uso de energia;
8- compreender a utilização dos recursos naturais;
9- compreender a água e sua importância;
10- compreender as escalas de tempo;
11- compreender a diversidade da vida;
12- utilizar indicadores sociais;
13- compreender a importância da biodiversidade;
14- conhecer as formas geométricas;
15- utilizar noções de probabilidade;
16- compreender as causas e conseqüências da poluição ambiental;
17- entender processos e implicações da produção de energia;
18- valorizar a diversidade cultural;
19- compreender diferentes pontos de vista;
20- contextualizar processos históricos;
21- compreender dados históricos e geográficos
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            A questão da leitura: A escola deve privilegiar a leitura e a escrita de textos e transformar os alunos em leitores de livros, de obras de arte, de gráficos, esquemas, tabelas, diagramas, paisagens, desenhos, fotografias, mapas, movimentos etc., e escritores de textos de gêneros diversos. Sabemos que essa tarefa não se resume apenas aos professores de Língua Portuguesa, mas ao conjunto de professores e à escola como um todo, através de atividades interdisciplinares e culturais.
Tradicionalmente, o trabalho com textos em sala de aula está pautado na leitura que admite apenas um sentido para o texto. Devemos exercitar a leitura polissêmica, motivando os alunos a descobrirem as outras leituras possíveis de um texto, transformando o ato de ler e escrever em atividades criativas e culturalmente produtivas. Por exemplo, as fábulas são lidas como histórias infantis ingênuas, quase nunca percebidas como denúncias de exploração, abuso de poder, traição etc.
            Muitas vezes os textos não têm relação com a realidade dos alunos, não fazem parte das suas experiências cotidianas, tornando a leitura uma tarefa cansativa e sem interesse, porém, isso não quer dizer que não se deve ampliar o leque de conhecimento do aluno. O professor ou professora deve sempre estar em alerta para que os textos selecionados para o trabalho em classe tenham realmente significado para o aluno.
Existem diversos autores que enfatizam a competência leitora e escritora como a mais importante dentre outras para a formação do indivíduo, para o exercício pleno da cidadania, para seu ingresso no mercado de trabalho no futuro e para continuar aprendendo a aprender. A linguagem é importante nos diversos âmbitos da vida de qualquer pessoa; sua função comunicativa é essencial nas diferentes etapas de desenvolvimento e principalmente durante a adolescência.
Os conteúdos: os conteúdos não são dispensados na pedagogia das competências, entretanto eles devem ser relevantes. Antes se ensinava os conteúdos sem preocupação com sua relevância e/ou aplicabilidade. O que importa não é quantidade de informações, mas a forma de lidar com elas, desenvolvendo e trabalhando habilidades e competências. Conteúdos são de vários tipos: dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos etc. Coll divide os conteúdos em procedimentais, atitudinais e conceituais. Saber, saber fazer e ser. Saberes relacionados a fatos e conceitos, saberes relacionados a valores, e saberes relacionados a formas de fazer. Saber ser,  saber fazer e saber factual e conceitual. Todo conteúdo tem de ser curricular e a escola serve para capacitar o aluno para prosseguir aprendendo e agindo fora dela.

            Formas de aprendizagem: pensar as formas de aprendizagem é pensar se se prefere as formas verbais, imagens, sons, escritas, movimentos, mapas, esquemas. Como preferem que as informações sejam organizadas, quais atividades preferem, em quais situações se envolvem mais.
            Pode ocorrer de ser assunto de grande interesse para o aluno, assunto que já se sabia um pouco; situações dinâmicas em sala de aula, tarefas práticas diferentes e interessantes; atividades em grupo ou em dupla, com professor dinâmico e atuante na condução da sala; grande possibilidade de participação oral do grupo, resolução de situação-problema desafiadora.
            No currículo voltado para competências é essencial romper com as práticas tradicionais e avançar em direção a uma ação pedagógica interdisciplinar direcionada para a aprendizagem do aluno-sujeito envolvido no processo não somente com seu potencial cognitivo, mas com todos os fatores que fazem parte do ser, ou seja, fatores afetivos, sociais e cognitivos.
            Os conteúdos intercruzados e aqueles unificadores de temas constituem a mola mestra da interdisciplinaridade. Os conteúdos impregnados da(s) realidade(s) do aluno demarcam o significado pedagógico da contextualização.A contextualização imprime significados e relevância aos conteúdos escolares.As competências – que articulam conhecimentos, habilidades, procedimentos, valores e atitudes – indicam uma ruptura com ações e comportamentos que colocam a repetição e a padronização como marcos característicos da condução escolar e, para além disso, consubstanciam a necessidade de um novo modelo pedagógico.
Contextualizar é pensar que se requer relação entre sujeito e objeto e se requer um significante. A contextualização mobiliza saberes, aprendizagens. Alunos precisam atualizar seus esquemas de conhecimentes mediante a relação com novas aprendizagens, ver o que é novo, comparar, analisar. A aprendizagem significativa valoriza a capacidade de compreensão do conteúdo, a utilização do conteúdo, quando necessário. A aprendizagem mecânica, ao contrário, valoriza a capacidade de repetir o que aprender,  e a reprodução sem compreensão.
Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os alunos aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações nas atividades de ensino e aprendizagem. Nessa concepção, o ensino é um conjunto de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das quais conteúdo e forma articulam-se inevitavelmente e nas quais o professor e o aluno compartilham parcelas cada vez maiores de significados com relação aos conteúdos do currículo escolar, ou seja, o professor guia suas ações para que o aluno participe de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos que a escola tem para lhe ensinar.

Se pensarmos na aprendizagem significativa como o estabelecimento de relações entre significados, os preceitos de precisão, linearidade, hierarquia, encadeamento que estão presentes na escola, na organização do currículo e na seleção das atividades, devem dar lugar a outras perspectivas nas quais o conhecimento pode ser visto como uma rede de significados, em permanente processo de transformação no qual, a cada nova interação, a cada possibilidade de diferentes interpretações, uma nova ramificação se abre, um significado se transforma, novas relações se estabelecem, possibilidades de compreensão são criadas.

Nesse sentido, rompendo com as teorias lineares que dão sustentação ao modelo tradicional de ensino, em que existem pré-requisitos, etapas rígidas e formais de ensino e aprendizagem, cadeias de conteúdos, escalas de avaliação da aprendizagem, a teoria do conhecimento como rede sustenta que a apreensão de um conceito, ideia, fato, procedimento, faz-se através das múltiplas relações que aquele que aprende faz entre os diferentes significados desse mesmo conceito.   In: Aprendizagem significativa – O lugar do conhecimento e da inteligência. Kátia Cristina Stocco Smole, Doutoranda em Educação pela FE-USP
            Pode-se atuar por projetos ou por situações-problema, para se garantir um aprendizado com maior significado.

            Sequências Didáticas: Uma sequência didática na concepção construtivista constitui-se de uma série de etapas de atividades, previamente definidas pelo professor, voltadas para determinadas intenções, também explicitadas, para favorecer o maior grau possível de significância das aprendizagens, além da necessária atenção à diversidade dos alunos. Uma sequência didática considera:
·                  conhecimentos prévios;
·                  significância e funcionalidade dos novos conteúdos;
·                  nível de desenvolvimento;
·                  zona de desenvolvimento proximal;
·                  conflito cognitivo e atividade mental;
·                  atitude favorável;
·                  autoestima e autoconceito;
·                  aprender a aprender

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